 Durante muito tempo – muito mesmo, tipo Eva – as mulheres foram tratadas com inferioridade e discriminação por uma horda de homens bárbaros, defensores do então em vogue machismo. Os manés tinham tanta fé nisso que criaram a Bíblia, o Alcorão, umas historinhas tipo Pandora entre outras coisas com o intuito de certificar por A+B a superioridade masculina. O tempo passa, o tempo voa e a poupança feminista começou a dar sinais de desconforto, em 1789 já estavam propondo direitos iguais. De lá pra cá fomos concedendo esse direito, nada mais justo. Direitos iguais. No entanto parece que elas não estão satisfeitas, pior, acredito que elas querem vingar todo ódio guardado em todos esses anos. A diferença é que a mulher é muito mais sutil, ela não declara guerra aberta, nem joga bomba em metrôs. Ela ataca pelos flancos, te imobiliza e te faz um fio terra mental capaz de deixar cicatrizes mais profundas que um furúnculo mal cuidado. Sexta-feira, você chega do trabalho cansado e cede ao convite de ir jantar em algum lugar badalado da cidade. Já que homem nasce pronto, você se serve um scotch whisky esperando ela se arrumar. Enquanto experimenta uma roupa ou outra surge a pergunta canalha: “Amor, você acha que eu engordei?” Fuja cara. É um cheque-mate do mal. Se você tem algum instinto suicida, agora é a hora. Esse tipo de pergunta não tem a real intenção de obter uma resposta clara e objetiva, é uma charada em que eu lhe asseguro, você vai perder. Desde meus quinze anos tenho um lema, negar até a morte, sempre acompanhado de um elogio no estilo Wando, meu iaiá, meu ioiô, para dar credibilidade. Gorda? Que nada! Nunca funcionou, por mais verídica que fosse minha afirmação, sempre desenrolava uma ladainha melada de que você não é sincero, que sempre fala a mesma coisa, que não presta atenção nela e outras coisas sem sentido, mas que são suficientes para te criar a alcunha de mentiroso. Anos e anos obtendo o mesmo resultado, resolvi inovar. Tomei coragem, enchi o peito e na tentativa de não ter que escutar aquela balela novamente, proferi: “sim meu amor, esse pneuzinho é novo”. Ela me olhou e ficou em silencio. Ganhei, pensei. Suspirei tenso e achando que tinha mandado bem, emendei: “acho que você deveria começar uma aula de spinning intenso ou encarar uma dieta do cometa Halley”. Ela olhou para mim novamente e gritou: “alguém já te disse que você é um grande filho da puta?”. Passamos o resto da noite discutindo a relação e relembrando o ser tão anódino que eu sou. No final da noite eu parecia um lemming nervoso, buscando um despenhadeiro. E ela tem uma série de perguntas com esse intuito, varia de acordo com a situação. Você notou que eu cortei o cabelo? Reparou no meu vestido novo? Todas e cada uma delas com a intenção de te tirar do eixo e te fazer sentir inferior. Quem é que se preocupa com o desarmamento? Que diferença faz votar sim ou não nesse plebiscito excêntrico? Muito mais importante para a paz e o bem estar da humanidade é saber responder logo pela manhã, sem nenhuma pista ou agenda, a ameaça direta e fulminante: “você sabe que dia é hoje?” |
E' por isso que toda mulher (como qualquer coisa que a gente adiciona na nossa vida) tem que ter manual. Por exemplo, nessa situacao, voce abriria o manual na pagina 23, capitulo "Perguntas" e encontraria a resposta certa.