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quinta-feira, 16 de setembro de 2004
Trindade Feminina


Desde que tenho consciência estive rodeado por três mulheres. Duas fixas, minha mãe e minha irmã, e uma que variava de tempos em tempos, a namorada. Depois que me casei, a trindade feminina ficou estável e pude então perceber a influência dessas três na minha vida e no mundo, sim, porque as três são capazes de mudar o sentido da rotação da terra, caso seja necessário. Julgar o que é necessário ou não fica para outro texto, já que eu, burro velho, ainda não consegui desvendar a ordem de relevância e prioridade para elas. Há poucos minutos atrás tive uma visão de que essa trindade pode ser formada espontaneamente caso as duas fixas estejam longe, e pior, desconfio de que quaisquer três mulheres possam mudar o destino da humanidade. Não se desesperem, minha teoria é simples e já que estamos fodidos mesmo, então relaxe e leia. Uma mulher é capaz de te seduzir, te mandar lavar a louça, te enganar, te realizar e um monte de outras coisas que vocês, providos de bolsa escrotal, já sabem e se não sabem, descobrirão ao longo de suas vidas. Duas mulheres são capazes de fofocar, de foder sua conta telefônica, de trocarem receitas de bolinho de bacalhau, de irem juntas ao banheiro e até de convidar uma terceira para a reunião. É ai que mora o perigo. Quando esta terceira chega, todas aquelas baboseiras de como temperar o bacalhau acabam e elas são agora um clã, uma seita, qualquer coisa poderosa e sincronizada, capazes de deixar seus queridos cabelos do saco brancos. Esqueça o terrorismo ou o furacão Ivan, três mulheres podem fazer mais estragos que toda a rede do ETA e Al Qaeda unidas e sedentas de sangue. O foda é que aqui os motivos para o derramamento de sangue não precisam necessariamente envolver disputas históricas ou o controle do mundo, basta por exemplo que você arrote na mesa ou que interfira no bem estar do clã, então formado. A primeira vez que senti isso foi na véspera do meu casamento. Minha então futura mulher, decidiu que íamos nos casar e ligou para avisar, coisas do tipo “ô fulano, vamos nos casar em seis meses, avisa seus pais”. Avisa seus pais de cu é rola, no fundo o que ela quer dizer é, avisa sua mãe e irmã, porque o resto a gente dobra. Dito e feito, meu pai teve um piripaque, mas quando minha mãe e minha irmã acenaram que sim com a cabeça, eu sabia que meu destino estava traçado, eu ia casar mesmo, então nem adiantava resistir, seria como um comunistazinho hyppie de São Tomé das Letras encarar Nuremberg ou o Batalhão “SS Death’s Head”, sorte que eu queria também, ufa!
Hoje tive outra revelação, como essa força pode entortar a lei. Estamos voltando de um barzinho, minha esposa, minha cunhada, uma amiga e eu. Tranqüilos, não bebemos muito, vínhamos andando pela rua conversando e fingindo ser cidadãos educados. Minha cunhada trazia um copo com cerveja, quando de repente, um policial de bicicleta chega gritando, mandando dar o copo para ele e já avisando que teria que levá-la para o xilindró por portar bebidas alcoólicas em vias públicas. Ai caralho, não conseguem prender nem Ibrahim Salih Mohammed Al-Yacoub, que com um nome desses só pode haver um, (basta dar uma olhada nas paginas amarelas lá da casa do cacete e achar o infeliz que tem esse nome) e estão querendo meter minha querida cunhada no xadrez, por levar um copo de cerveja (?). O policial, coitado, um simples trabalhador cumprindo sua tarefa às 01:30 da manhã com um capacete de triathlon e com uma autoridade de um fuhrer alemão, ainda tentando bancar o macho, não sabia o que estava por vir. Quando eu senti a vibração que emanava das três mulheres, eu simplesmente dei um passo para trás, porque sabia do massacre que ocorreria bem ali, diante dos meus olhos, hiena comendo zebra do Discovery channel é chupeta perto do que ocorreu ali.
Pouparei os leitores dos detalhes, mas posso lhes garantir que as três se uniram e desceram o verbo no “azteca”, aquele tipo de discussão onde tudo que se escuta são grunhidos irados, alternados e com sentido, o que impede qualquer membro do saudoso clube do bolinha de terminar uma frase com sentido, tamanho cagaço, já que se uma mulher te pariu com felicidade, imagina a merda que ela não pode fazer com raiva. Uma vez despertada as feras, tudo que lhe resta é ficar prestando atenção. O policial coçava a cabeça, olhava para uma, olhava para outra, dava voltas em torno de si mesmo, mas ele sabia que tinha caído num ninho de cobra. Tudo que lhe restava era seguir regras, para manter algum padrão de comportamento e assim, chamou seu superior, do tipo cagão mesmo, passa aquele pensamento de "agora fodeu" e joga o problema para outro otário. Do outro lado do rádio, um membro da espécie macho consciente de seus atos, já que ao ouvir o mantra feminino, ordenou que liberassem-nas imediatamente. Por se tratar de uma autoridade, pouparam-lhe os cascudos, mas esse coitado vai pensar pra cacete antes de parar 3 mulheres novamente. Buscando agora na Internet, descubro que as leoas saem em grupo de três para caçar, cadê o leão macho que vai dizer que não?Ah, e antes que eu esqueça, 3 é o número mágico mesmo, porque 4 ou mais mulheres fazem no máximo uma reunião da tupperware, tamanha disputa pelo poder.
por Murillo @ 1:52 PM  
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