Um renomado professor meu costumava dizer que apenas o mercado financeiro era realmente globalizado, devido à facilidade de movimento de capitais ao redor do mundo. Para meu desespero, acabo de constatar que isso é papo furado. Grandes empresas gastam fortunas para promover a padronização em suas filiais, um exemplo claro e caro disso é a Universidade do Hambúrguer do Mc Donald’s no Brasil, onde foi investido R$ 7 milhões, sem contar que existem outras 7 dessas espalhadas por todo nosso obeso mundo. Imaginemos que um dia você, caro colega, desista do seu ideal Marxista e decida abrir um Mc Donald’s em Pirapora do Broto Verde. Pouco importa se você é um Ás da chapa quente ou ainda se a sua batata frita é um sucesso estrondoso, você terá que seguir os padrões pré-estipulados, com sucesso reconhecido para garantir que tudo saia dentro dos conformes, ou seja, você terá que passar pela Universidade do Hambúrguer, não antes de desembolsar uma bela grana, é claro, para adquirir a franquia do Quero Muito Tudo Isso. Pois é, nada do outro mundo até aqui, já que a referida lanchonete tem grana para garantir que você, na Av. Paulista, coma a mesma porcaria que come um esquimó, na casa do cacete. O problema surge quando você percebe que o mameluco da Av. Rebouças em São Paulo faz a mesma coisa que o azteca da Av. Insurgentes. Como é que é? É isso aí, sabe aquele negócio de malabarismo e nego cuspindo fogo para angariar uns trocados que você já está de saco cheio de ver em São Paulo? Pois é, aqui em Monterrey eles fazem a mesma coisa. A questão é, como eles descobriram essa forma de ganhar dinheiro? Qual é a chance de duas pessoas distantes 8.548,56 Km realizarem a mesma tarefa em um semáforo, sem que haja interferência de ninguém ou grana para bancar tal padronização? Porque se um cara nasce em uma aldeia de pescador em uma ilha no nordeste brasileiro, distante 5 dias e 4 noites a nado borboleta da costa, é natural pensar que após 3 ou 4 tentativas frustradas de fuga, o caiçara se conformará com aquela dura realidade. Ele vai aprender todas as técnicas de pescaria do pai e se tornará um astuto pescador em sua fase adulta. É quase como se ele estivesse nascido para a pescaria. Assim como o filho do He-man, Máster of the Universe, será um loirinho forte que combaterá com toda sua força a ira do Skeletinho e gritará “Eu tenho a força”, é inevitável. Mas como explicar o caso do semáforo, de onde veio a idéia que fazer malabarismos e cuspir fogo diante de um sinal vermelho seria lucrativo? Ninguém nasce com esse destino. Em São Paulo, por exemplo, essa moda começou há uns 3 ou 4 anos, antes disso tinha apenas garotos que teimavam em limpar seu pára-brisa, o que aliás também é bem comum por aqui. Esse tipo de pessoa não viaja, não tem Internet e nem fala outro idioma, assim, como é possível a disseminação desse hábito tão peculiar? Será que existe uma rede internacional que treina e explora esses pobres artistas? Ou eu que sou o protagonista de um tipo de “Truman Show” e a galera se diverte com a minha cara de símio tarado, quando me deparo com esses figuras na rua? Descartando essas hipóteses obscenas, porque, no caso da rede, esta não ganharia um puto, já que nunca vi ninguém dar dinheiro para esses figuras, e no caso do Truman, seria uma puta sacanagem se eu não ganhasse nenhum trocado em função dessa invasão de privacidade, só me resta pensar que a globalização veio mesmo e é mais natural do que pensamos. Agora só me falta aparecer a taxa do lixo, a merda do Bonde do Tigrão ou secretárias falando no gerúndio por aqui para que eu tenha certeza que Odeio Muito Tudo Isso. |